A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu, nesta quinta-feira (11), um processo para subsidiará possíveis medidas a serem adotadas no caso das marcas de pães de formar com alto teor alcoólico. A ação ocorre após a divulgação da análise da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, conhecida como Proteste, nesta quarta-feira (10), que apontou oito marcas de pães com concentrações de álcool com que “ultrapassam limites aceitáveis de consumo”.

Três marcas frequentes nas prateleiras de supermercados (Visconti, Bauducco e Wickbold 5 zeros) tiveram resultados que, segundo a Proteste, com apenas duas fatias, podem aparecer num teste de bafômetro. A Anvisa teve conhecimento dos resultados do estudo e entende que medidas devem ser adotadas apenas se consideradas necessárias pelo órgão.

Pesquisa aponta alto teor de álcool em pães de forma

O estudo avaliou 10 marcas. Apenas essas duas últimas foram aprovadas em todos os testes de identificação de teor alcoólico: Plusvita e Pullman. Já nos pães da Visconti, Bauducco, Wickbold 5 zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold, foram encontradas altas porções da substância.

Se os pães fossem considerados bebidas, seis seriam considerados alcoólicos pela legislação que determina que teor máximo de etanol é de 0,5%. A Visconti apresentou resultado mais de seis vezes maior. Segundo a Proteste, as marcas deveriam conter o aviso “contém álcool”.

  • Visconti 3,37%
  • Bauducco 1,17%
  • Wickbold Sem Glúten 0,89%
  • Wickbold Leve 0,52%
  • Panco 0,51%

A análise aponta ainda que se os produtos Visconti, Bauducco, Wickbold 5 zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys e Wickbold fossem medicamentos fitoterápicos, estariam sujeitos a advertência alcoólica, caso houvesse uma legislação similar a categoria. Os níveis ultrapassam a dose de álcool permitida para crianças.

Por que tem álcool no pão?

A fabricação de pães envolve a formação de álcool etílico, que geralmente evapora no forno. Os níveis encontrados na análise ocorrem porque indústrias diluem conservantes na substância para evitar o mofo e garantir a integridade do pão, argumenta a entidade.

“Embora a legislação brasileira permita o uso de algumas substâncias nos alimentos, é necessário que algumas normas sejam revistas para assegurar que o etanol residual não cause problemas aos consumidores”, destaca Henrique Lian, diretor-executivo da Proteste.

A pesquisa alerta para a busca por um consumo consciente. Em entrevista à CNN, a nutricionista do Hospital Universitário (HU) da Universidade de São Paulo (USP) de  Ribeirão Preto (SP), afirma que a população deve se atentar aos ingredientes contidos nos alimentos: “Quanto menor a quantidade de aditivos alimentares, nos produtos industrializados teremos mais consciência do que estamos realmente ingerindo”, afirma.

Além da Anvisa, a Proteste enviou um ofício com os resultados do teste para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). A CNN entrou em contato com a pasta e guarda retorno.

A entendida sugere percentual máximo de álcool (por exemplo, 0,5% pelos balizadores apresentados no relatório) e a programação de ações de fiscalização quanto aos teores de agentes conservantes anti-mofo e o teor de álcool, após a regulamentação.

Via CNN

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